Wednesday, October 31, 2007

A historia de Joao parte 1

Decidi contar uma historia aqui nesse blog. Vou tentar ser o mais prolifico o possivel, mas se nao conseguir me desculpem, afinal sou um homem ocupado. Enfim, essa sera a historia de Joao. Voces vejam, Joao mora em um lugar ficticio, uma cidade levantada e construida no fundo da minha caxola, com personagens ficticios, nunca antes ateh entao imaginados. Se por um acaso vc conheca um Joao muito parecido com este aqui que eu vou escrever, e que mora numa cidade como essa que vc lera, entao sera uma grande coincidencia. Nossa odisseia comeca em uma momento decisivo na vida de Joao, quando por determinacao da Justica ele teria de ser cruxificado. Boa leitura:

A HISTORIA DE JOAO


Aconteceu naquele ano de a madeira acabar. Foi como se tivesse sumido: foram tantos cruxificados que a fonte secou. Tiveram de pedir a Joao para descer da cruz, pois a iam usar para construir uma casa, uma cadeira e uma pequena carroca. Vai ter de esperar, disseram a Joao, ateh que cresca mais. Por causa da secura mudaram o jeito de matar gente, e condenado agora era degolado. Joao seria o ultimo a ser cruxificado, mas a madeira era nescessaria. Quiseram degolar Joao, mas isso nunca havia sido feito: contrariar uma sentenca do Page seria contrariar o proprio Deus. A solucao encontrada foi oferecida por Joao mesmo: ele plantaria um arvore especialmente para sua cruxificacao, e ele mesmo se encaregaria de cuidar da planta, de regar e adubar, e se algo acontecesse com a arvore, entao isso poderia ser visto como um crime passivel da nova punicao.

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7

Dia das Bruxas. Engracado, esse feriado veio de uma comemoracao paga, uma antiga religiao Irlandesa que acretiva em Leprecham, pequenos duendes e na Deusa naturesa. Claro, veio a religiao Catolica, os romanos, e proibirao tudo. Aquilo era pecado, e praticar aquilo era bruxaria. Especialmente hoje, homenageiam-se os mortos. Por isso a fantasia, os doces, a comunhao.

Vou sair a noite, feito um menino bobo, e pedir guloseimas por ai. Nao consigo decidir a fantasia, nao sei o que quero ser. Tem uma loja de fantasias aqui perto de casa, e eles tem de tudo. O mais impressionante era a roupa de Thor, eu tive de experimentar. Mas nao tinha nada que eu quis...

Pensei em ser um abacate. E por que nao: abacates sao garbosos, tem um formato diferente, sao dificeis de indentificar: ou fruta ou legume. Mas tambem pensei em ser uma cenoura, alem de serem laranjas, cor dificil de se ver por ai, cenouras vivem debaixo da terra, sao raizes. Acabei decidindo por nao ser um vegetal, nao sou uma pessoa vegetal, simplesmente nao eh quem eu sou...

O que ser entao? Talvez Thor, filho de Odim, Deus do trovao e das tempestades. Nao, nao sou loiro nem nordico. Talvez outro Deus entao; poderia ser Deus, pq nao? Deuses sao divertidos, tem poderes e poucas inibicoes, mandam enchentes por diversao, pedem para matar o filho de alguem para provar o amor por eles. Sim, poderia ser Baco, Deus do vinho! Bacanais a noite inteira, multiplicaria peixes e transformaria agua em vinho.

Bah, sem graca. Deus nao eh pra mim, acho que funciona como quem quer ser um politico: sempre as pessoas que querem sao as menos indicadas a serem. Alias, essa frase foi bem filosofica: quem sabe nao sou hoje um filosofo. Seria simples, nao teria de me fantasiar, ficaria em casa pensando sobre a vida e o sentido de tudo mais, escreveria minhas teorias e no fim me mataria por ter compreendido demais... Hurgh, nao. Muita sujeira.

Acho que terei de me contentar por ser o que eu sou, assim que descobrir exatamente o que sou. Soh espero que com a minha fantasia de Rodrigo eu ainda possa sair pela rua a pedir docinhos.

Saturday, October 27, 2007

6

Quando o meu irmao saiu do armario, meu pai nao se conformava. Primeiro, tentou convenser o meu irmao de que era anormal aquilo "vc tem certeza? pode ser soh fase...". Mas o meu irmao batia o pe: "Eh isso o que eu sou agora. Vc pode nao gostar, nao concordar, nao me importa". Papai o xingava de ovelha-negra, ameacava-o de lhe cortar a heranca. Apontava pra mim e dizia pro Dudu: "Pq vc nao pode ser igual ao seu irmao". Dudu, aos prantos, clamava que nao tinha nada de errado ser o que ele era. A situacao chegou ao ponto de minha mae ter de interferir: "Durval, vc nao pode tratar o seu filho assim. Nao importa o que ele seja". Mas nao adiantava. Mamae ateh vestia a camisa de meu irmao, mas nao era a mesma coisa.

Meu Pai acusou um amigo de Dudu: "eh por causa daquele moleque. Eu vi vcs dois juntos..." "ele nao tem nada a ver" meu irmao gritava. "Eu eh que quis". Meu pai baixa a cabeca: "O que eu fiz de errado?".

Isso foi ha alguns anos atras. A situacao, de lah pra ca melhorou. Meu pai convive bem com o meu irmao, aceita melhor o que ele eh. Enquanto a mim, eu jah vi homem trocar de namorada, esposa, religiao, emprego, cidade. Mas eu nunca vi ninguem trocar de time de futebol, e por mais que meu pai tentasse, meu irmao era o que era: Palmeirense.

Wednesday, October 24, 2007

Thursday, October 11, 2007

5

O que se estuda e discute aqui eh completamente diferente do que no Brasil. O engracado eh que as referencias sao quase as mesmas, Baudeliare, Barthes, Socretes e ai vai. Mas o enfoque eh outro. Os Europeus nao tem que se preocupar, por exemplo, se vai levar um tiro na cabeca toda vez que vai sair de casa, ou fechar os vidros do carro quando num semaforo vermelho. Isso falando numa perspectiva de classe media.

Um fato curioso, tb, eh que eu tenho mais medo do Brasil estando na Inglaterra. Quando em Sao Paulo, a violencia nao parecia tanta, ou melhor: talvez fosse normal. Minha indignacao nao era tanta, um ladrao matar ou um policial torturar era o cotidiano, nao chocava. Mas alem tambem, ha uma cultura do medo maior aqui fora. Toda vez que falo que venho do Brasil, as pessoas arregalam os olhos, prendem a respiracao. Acham curioso eu ser vivo, perguntam se eu sofro muito, ou pior: nao perguntam nada. Mas eu sei. De uma maneira, Cidade de Deus eh a realidade. Um preto revoltado com a vida e policial corrupto. Causa e consequencia, uma realidade branco-e-preto propagada por nos mesmos. Bunda e samba.

Eu digo que o pior do Brasil eh o Brasileiro. Jah fui pra Africa, e nao vi violencia. Jah fui pra Europa Ocidental, e nao se cometem crimes a tordo e a direito. O Brasil eh um paiz lindo com pessoas boas, eu vim de lah e eu posso dizer que eu amo tudo aquilo. Mas de um jeito ou de outro, sempre me traz maneiras de me deixar extremamente depressivo e triste.

Thursday, October 04, 2007

4

De alguma maneira eu sou o membro da minha familia que jah foi mais longe nesse mundo. Bem, ao menos em se tratando de lugar. Jah visitei a Africa, Europa, America do Norte. Jah fui na cidade mais ao sul do mundo, e pretendo ir para a mais norte em breve, se bem que jah fui para a escocia tb. No Brasil jah fui de norte a sul. Conheco meu estado, Sao paulo, de ponta a ponta, literalmente jah fui ateh o pontal do paranapanema. Meu litoral jah fiz todinho, fui de sao paulo ao nordeste de onibus, acampei numa ilha de pescadores. Pra baixo jah fui de onibus ateh o Rio Grande tb. Conheco mais cidades inglesas que muito ingles, mais paizes Europeus que muitos nesse continente. Jah vi o mediterraneo, Pacifico e Atlantico.

Sei que parece auto-promocao ou coisa assim, e de certa maneira eh. Vejo meu passaporte como uma conquista: nao soh dos lugares que eu jah visitei, mas principalmente do lugar de onde eu vim.

Monday, October 01, 2007

O ataque dos maldinavios sabatinos

Se fosse um lugar, seria como outro lugar qualquer: abaixo do ceu, acima da terra. Mas nao era, e por nao se saber o que era classificou-se por Ephemero. Os sabatinos, sabidos como passageiros reinantes daquele nao-lugar, quando em quando em orgiaticas refeicoes dominicais, se atracavam num combate fulgas e melodramatico.
Maldinavios, diziam sem falar.
"Except for the pink nose, he was white as a white squirrel can be. He was apparently playing with other grey blackish squirrels with pink noses. They were on a green grass of a hillside park, near a not-so-high-not-that-small tree full of brown nuts. The sun was shining bright on the blue sky illuminating those high spirited animals jumping from one place to another, their white and grey blackish tails floating on the air, squishing to one another and rubbing their heads. It was, indeed, a very beautiful scene, a ballet of very precise moves, but I disturbed everything with my look and curiosity when I came close and all the squirrels started to run away leaving me forever alone."