Thursday, March 23, 2006

Seu Ze do IML

-Alo?
-Alo seu Ze.
-Dona Rita! Quanto tempo, como vai a senhora?
-Com o coração que não se aguenta...
-Seu fiho?
-Meu filho...
-O mais novo?
-O mais novo...
-Esses filhos não sabem tratar bem os pais, deixam a gente apavorados com tanta violencia por ai... Eu que sei!
-O senhor que sabe...
-Hoje mesmo, chegou um aqui muito parecido com a foto que a senhora me deu. Acidente de moto. Mas eu imaginei que a senhora não fosse deixar o seu menino andar de moto.
- De jeito nenhum! Nem bicicleta, q não eh nem com ele que eu me preocupo, mas com os outros. Tanta imprudencia nessas ruas, o senhor que sabe!
- Eu que sei. Mas faz tempo que eu não recebia sua ligação, costumava ser semanal... As noites passam frias aqui, e de vez em quando faz bem falar com uma alma viva. Alconteceu alguma coisa grave? Seu filho desapareceu denovo?
-Sim. E não da noticias...
-Olha, eu vou dar uma checada pra ver se a gente não recebeu mais nenhum pacote...
- Não precisa se incomodar não. Ele não ta ai.
-Sem querer parecer insensivel, mas aqui eh o destino de todos.
-Não tem como ele estar ai, ele nao esta nesse pais. Acho que eu ter te ligado foi soh um reflexo. Acordei assustada, pensando no mundo, tão violento...
-Realmente...
-Pois bem, acostumada como era, peguei o telefone e disquei esse numero.
-Então tah.
-Desculpa incomodar.
- Não foi incomodo não.
- Boa noite pro senhor.
- Durma com os anjos, dona Rita.
.
.
.
- Seu Zeh, ainda tah na linha?
- To sim...
- Me faz um favor? Me dah soh uma olhadinha pra ver se ele não ta ai; ja que liguei, não custa nada averiguar... O senhor eh que sabe.
- Eu que sei. Pode deixar dona Rita, eu vejo sim.

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