Friday, February 03, 2012

Fotografia no Brasil

Um ano de São Paulo, após voltar da minha longa estada no Reino Unido, minhas impressões sobre o estado da fotografia no meu país são desencorajadoras. Acho que por sermos um campo tão rico na área da antropologia, o país ainda privilegia fotografias etnológicas. Não há uma evolução, tanto em técnica quanto em narrativa. Ainda vejo, salvo exceções, tentativas de construir algo mais encorajador e novo que vá além do mero ato de captar uma imagem. A fotografia, como forma de arte, pode ir mais além.

Não temos um centro de excelência, um lugar onde se possa discutir, trocar experiência e olhar fotografias de outros profissionais. Isso é fundamental para a evolução dessa arte em nosso país. Um lugar assim não só encorajaria uma tentativa mais experimentalista sobre essa mídia, como iria também fomentar essa arte para o público em geral.

Só em Londres, de memória, lembro da Photographers´Gallery, PhotoFusion e Portrait Gallery, três exemplos que poderiam ser aplicados ao país. A Photographers’ Gallery é mais voltada à fotografia profissional já bem estabelecida. Nomes como Donnovan Wyllie e Sally Mann entre outros, já fizeram exposições e deram palestra lá. Há também um acervo fixo, e um significativo prêmio anual para fotógrafos.

A PhotoFusion possui estúdios e laboratórios digitais e químicos. Dispõe de cursos sobre fotografia voltados à comunidade e à população de baixa renda. Também há um espaço para exibições de trabalhos, usualmente para fotógrafos menos badalados.

A Portrait Gallery não é um espaço 100% voltado à fotografia, mas sim à arte de retratos como um todo (o que incluí pinturas, fotografias e esculturas). É interessante observar, nesse caso, como essas outras mídias “mais tradicionais” influenciaram a fotografia como um todo.

Todos esses “centros” são gratuítos e contam com ajuda do governo. Aqui no Brasil, apesar de existirem, vez ou outra, eventos com palestras e exibições, não há, pela falta de melhor definição, um espaço dedicado somente a isso. Uma comunidade que faça, e pense, a fotografia como um corpo de trabalho que vá além da técnica. A lei Rouanet está aí para isso, e certamente há espaço para esse tipo de local. Quem sabe, no futuro, tenhamos uma rede de lugares onde a prioridade seja a fotografia.

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