Friday, September 30, 2005

A vida eh uma coisa chata. "hoje eu acordei, olhei no espelho, dei um cagao e escovei os dentes". Coisa mais enfadonha. Nao, isso eh bobagem. O que acontece de interessante nao faz parte da vida, nao eh aquilo que se olha, eh o subtendido.
Eh olhar a lua e ouvir uma pequena risada que te leve a uma praia, um momento e uma pessoa. Eh quando vc escuta uma escala desconcertada em um violao de um mendigo que nunca tocou violao na vida. Eh o procurar uma bica no deserto. A vida, ou o que se escreve dela, estah no invisivel.

E por que eu falei isso? O que ter a ver a minha estada em Londres com isso?

Nao sei... Mas deu vontade de falar.

Vai ver eh a saudade que bate de vez em quando. Explico: jah disso que nao sinto falta de ninguem, e isso eh verdade. Nao por que eu sou um filho ingrato, um irmao insensivel ou um amigo cusao. Ao contrario, nunca deixo de levar aqueles que preso no peito.
Mas toda vez que eu escuto ac/dc, por exemplo, me remete a tal pessoa. Ou ouco uma piada estupida do tipo: "vc pegou o onibus? entao pega aqui", ou quando eu vejo um jogo de futebol, uma balada mal fadada, um cara nervosinho, uma pessoa antisocial, uma garota meiga, uma garota de riso largo, um gordinho brincalhao, uma mae superprotetora e carinhosa, amigos bebendo no bar, amigos falando de mulheres, uns topetudos com casaco de couro, um show de rock. Quando a minha casa lota de gente eu sinto uma pontada no peito me implorando pra pedir pro meu pai ir comprar esfira no habbibs.

Eh o invisivel

Rodrigo Boro

Ps: nao me encontro num estado lastimavel de autolamentacao. Ao contrario, acho que estou muito bem. Mas um pouco de melancolia nunca fez mal a ninguem. E se um dia vc pensar isso de mim, lembre-se dos mortos: a dor eh de quem fica.

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